Que estranhos caminhos percorremos em silêncio por dentro de nós, no manso devaneio de um sonho acordado?
Que mundo privilegiado é esse onde o Tempo se perdeu, e o devaneio se desenha serenamente num sorriso na face exangue?
Para onde vamos quando estamos sós no meio das palavras, no burburinho incessante das multidões eléctricas de néons insones?
Porque contamos os passos, as pedras das calçadas, as nuvens etéreas que os céus evaporam, e os dias que se desfiam sem parar, para de novo se fiar?
Que mundo paralelo é esse onde também habito, que me abraça sôfrego quando páro de pensar, que me acarinha, ou me sacode impaciente, quando encontra meus olhos vazios?
Que estranho sítio é esse que não cessa de gritar-me em silêncio que é tempo de acordar?